O Brasil é referência mundial na área de transplante de órgãos e possui o maior sistema público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, em números absolutos, o nosso país é o 2º maior transplantador do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
O procedimento é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país. A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. Contudo, apesar do grande volume de cirurgias realizadas, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande. De acordo com dados apresentados pelo Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), em junho de 2022, o número de pessoas aguardando um novo órgão ou tecido superou os 50 mil, sendo que quase 17 mil ingressaram na lista de espera durante o primeiro semestre do mesmo ano.
O transplante de órgãos foi impactado pela pandemia
Com a chegada da pandemia, o cenário de doações mudou um pouco no Brasil, embora ainda menos do que o esperado, conforme o editorial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) para o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) do ano de 2020. A queda nas doações variou entre as regiões e períodos de acordo com a gravidade regional da crise sanitária. Já os transplantes de rim com doador vivo e de córneas, que são eletivos, foram suspensos por períodos variados na maioria dos estados, assim ocasionando uma queda maior.
Desde 2020 o número de transplantes de órgãos no Brasil caiu e o número de doadores é ainda menor do que em 2019, quando a taxa de doadores atingiu 18,1 pmp (por milhão de pessoas) e a autorização familiar para doação de órgãos atingia 60%. Conforme os dados referentes ao 1º semestre de 2022, a taxa de doadores é de 15,4 pmp e a negativa da família em doar permanece elevada, chegando a 44%. Um dado importante é que após a liberação do uso de doadores com teste positivo para Covid-19 houve queda nas taxas de contraindicação médica, que variaram de 21% a 26% nos períodos anteriores, e no primeiro semestre chegou a 18%.
Nos últimos dez anos (2012-2022), o número absoluto de transplantes no Brasil superou os 84 mil. Somente o de rim, órgão mais transplantado, chegou a 57.838 (22,3 pmp). Em segundo lugar está o transplante de fígado, com 20.476 (9,4 pmp) órgãos recebidos e em terceiro, o de coração, com 3.452 (1,7 pmp).
Como funciona o transplante de órgãos
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico em que um órgão ou tecido presente na pessoa doente (receptor) é substituído por um órgão ou tecido sadio proveniente de um doador com a finalidade de restabelecer as funções que o órgão doente já não conseguia mais executar. O procedimento começa com o diagnóstico de morte encefálica de um potencial doador e termina somente na recuperação do paciente que recebeu um novo órgão.
Importância da doação de órgãos
A doação de órgãos pode ser a única chance de uma pessoa continuar a viver ou voltar a ter qualidade de vida. Por este motivo, no nono mês do ano acontece a campanha Setembro Verde, período em que órgãos públicos e privados intensificam a conscientização sobre a importância de ser um doador e comunicar essa decisão aos familiares. Atualmente, conforme a Lei nº 11.584/2.007, a doação de órgãos só pode acontecer no caso de paciente em morte encefálica ou parada cardiorrespiratória, após a autorização final da família do doador.
De um doador é possível obter vários órgãos e tecidos para realização do transplante. Podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. Com isso, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador.
Fontes: Ministério da Saúde I RBT I RBT 2022 I ABTO